sábado, 8 de outubro de 2011

Limpando a casa

Diante da minha janela hoje encontrei um céu nublado, fiquei pensando como a nossa vida às vezes parece assim, nublada, onde até vemos o caminho, mas essas cores nem sempre nos estimulam a seguir... Então é mais fácil ficar trancado em casa, na segurança do lar, sem ter que enfrentar o dia não tão bonito lá fora. Mas fico pensando, será mesmo que aqui dentro é mais segundo? E dentro de mim? Quais são as nuvens que me mantém dentro de mim mesma, numa necessidade absoluta de não sair, não me expor, não caminhar no dia nublado?

Sair “da casa” pode ser muito doloroso, é muito difícil transpor o que somos, virar do avesso, olhar pra dentro e admitir nossos defeitos de fábrica. Porque olhar pra esses defeitos é admitir toda minha imperfeição e com isso admitir meus erros e ter que aceitar muitas vezes ser criticado, mal interpretado, julgado, é correr o rico de ouvir um “tá vendo ai ó, você é assim mesmo” e nesse assim mesmo lê-se todos os defeitos de fábrica.

Sair “da casa” é negar a mim mesma, é colocar pra fora os móveis velhos e sujos, é colocar também os excessos e depois disso tudo limpar toda a casa, limpar embaixo dos móveis, tirar a poeira do que ficou, pois muitas vezes passamos tanto tempo sem olhá-los que nem notamos que estava sujo.

Ah! mas como é difícil jogar tudo isso fora, eu os adquiri com “tanto amor”. Eu cultivei cada traça e poeira com tanto carinho e afeto.

É isso que percebo, que cuidamos dos nossos móveis sujos com carinho, mesmo que inconscientemente as vezes, talvez por medo de colocar tudo pra fora e o vizinho olha e dizer “nossa quanta sujeira” e sentirmos vergonha de mostrar o que havia lá dentro.
Mas se eu não limpar, se eu não remexer, eu nunca conseguirei viver com tanto entulho, eu não conseguirei caminhar com uma “casa” tão pesada dentro de mim; se eu não assumir que preciso de ajuda pra limpar, talvez eu nunca tenha força suficiente.

Admito, é muito mais fácil limpar por cima, deixar a casa aparentemente limpa e quando os outros passarem não irão ver a sujeira nem julgá-la. É muito mais fácil não expor, não deixar que os outros percebam meus defeitos de fábrica. Mas assim como irei consertá-los?
É muito mais fácil viver uma vida bonita para os outros, ter uma casa bonita para os outros, viver na “muvuca”, como ouvi de uma amiga ontem, e ir deixando o tempo passar, sem olhar se está nublado, se está colorido, afinal de contas guardado e protegido dentro “da casa” tudo isso pouco importa.

Talvez seja mais fácil viver também o evangelho água com açúcar, talvez seja mais fácil eu não tratar minhas questões e ir caminhando com meus entulhos, mas nesse caso talvez tenha tanto entulho dentro da casa que eu não consiga olhar pela janela e ver que meu vizinho precisa de ajuda. Se eu não aprender como tirar aquelas manchas do sofá, não vou poder ensinar, se eu não aprender a concertar aquela torneira que vive pingando não vou poder ensinar pro meu irmão como resolver o problema nem indicar quem o faça.

Hoje, mesmo que mais difícil, prefiro o evangelho da cura.

Peço a Deus no dia de hoje que me limpe dos meus defeitos de fábrica, que limpe minha casa, me mostre as traças para que eu as tire, que eu não tenha vergonha de colocar os móveis sujos e velhos pra fora, que eu não me importe com que o vizinho vai pensar e que eu consiga, depois de esvaziar tudo, perceber quem precisa de ajuda na faxina e ajudá-lo com amor.

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